quinta-feira, dezembro 06, 2007

Mulheres na Engenharia

Por Luisa Rotsen e Andréa Resende

A Engenharia brasileira teve origem na área militar em 1810 e foi estendida aos civis somente em 1874, com a fundação da “Escola Politécnica do Rio de Janeiro”. Hoje, quase 200 anos após seu surgimento no país – e milhares no mundo – ela continua sendo uma ciência predominantemente masculina

De acordo com os resultados do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo MEC, o número de mulheres que ingressam na profissão vem sendo incrementado lentamente: em doze anos (de 1991 a 2002) a representatividade feminina em relação ao total de matrículas subiu de 17,4% para 20,3%. Para se ter uma idéia, o curso superior com o segundo menor índice foi a Administração, com um crescimento de 41,1% para 47,5% no mesmo período. Se considerarmos o caso particular da Engenharia Elétrica, esses números são ainda mais baixos. No nosso curso a média de mulheres por período é aproximadamente 4.7, o que representa um percentual de 9% do total de alunos.

Há quem tente explicar essas estatísticas pela hipótese de que as moças têm dificuldade com as ciências exatas. Mas as conquistas femininas na profissão parecem discordar desse argumento: todas as pessoas entrevistadas pelo O RESISTOR (homens e mulheres) disseram acreditar que atualmente as engenheiras se destacam tanto quanto ou até mais que os engenheiros. Pode até ser que elas não se interessem tanto pela área quanto os homens, mas aquelas que optam pela carreira com certeza não deixam nada a desejar em termos de competência. Tanto homens quanto mulheres têm plena e igual capacidade de desenvolver as habilidades exigidas pela Engenharia.

Essa prova de competência talvez tenha sido um dos fatores que ajudaram a diminuir a discriminação entre sexos na carreira. O autor Pedro Carlos da Silva Telles menciona no livro “História da Engenharia no Brasil” que houve uma época em que as mulheres não sentavam nas salas de aula com os rapazes, mas em cadeiras especiais, colocadas à frente da primeira fila. É verdade que ainda existe certo grau de “estranhamento” em relação às mulheres engenheiras, mas felizmente as estudantes de hoje já não precisam vivenciar situações como essa. Em entrevista ao O RESISTOR a professora Maria Helena disse nunca ter se sentido vítima desse tipo de preconceito ao longo de sua trajetória profissional. E a professora Carmen Déa acrescentou: “Os machismos podem até existir, mas geralmente não aparecem. Quando eu estudei já era bem mais difícil. Eu e minhas colegas sempre tínhamos que justificar porque fazíamos Engenharia Elétrica, como se aquilo fosse uma espécie de ousadia. Hoje a opção pela carreira já é vista com muito mais naturalidade”.

Mas porque será que o balanço entre homens e mulheres na Engenharia não aumenta na mesma proporção que nas outras profissões? Não parece ser um problema de discriminação ou competência, mas sim de pouco interesse feminino pela carreira. De acordo com os dados da COPEVE, nos vestibulares de 2002 a 2006 as mulheres representaram apenas 11,8% das inscrições para o curso de graduação em Engenharia Elétrica. “Acho que é mais uma questão cultural”, afirmam os alunos Rômulo Barroso Júnior e Gabriel Pereira de Melo, do 8º período. “Talvez na Engenharia Elétrica esse fator esteja ainda mais enraizado que nas novas engenharias por causa do tempo maior de existência”. Já a colega Anna Zanandreia acha que o problema pode ser a falta de conhecimento sobre a profissão e sua associação a trabalhos braçais. “Muita gente ainda tem aquela visão errada de que o engenheiro eletricista é o profissional que sobe na escada e troca as lâmpadas. E isso não atrai a maioria das mulheres”.

São diferentes as opiniões, mas há um aspecto em que todos nós concordamos: não há nenhuma razão para que as mulheres não ingressem na profissão de engenheiro. A professora Carmen Déa refletiu sobre o assunto e frisou o mais importante: “Eu tenho certeza de que em breve as mulheres terão plena consciência do seu potencial. E se quiserem fazer Engenharia Elétrica, Controle e Automação ou o que for, vão ter certeza de que conseguem e podem. Homem ou mulher, você pode ser o que quiser desde que se esforce para isso”. Afinal, quem foi que disse que a Engenharia precisa ser feminina só no nome?

13 comentários:

Bruna disse...

Estou cursando o 1o semestre de engenharia de computação e estou achando o máximo!!! Envolve eletrônica, elétrica, programação... Sou a unica moça da minha turma. É uma pena que as mulheres ainda não tenham uma mente aberta sobre a engenharia.

Engºs Químicos disse...

Olá,sou Danielly.E estou no segundo semestre de Engenharia Química,estou gostando para valer de estudar Cálculo,Física,Termodinâmica, Química Inorgânica,e outras matérias relacionadas.Meu grande prazer é estudar,é ainda mais prazeroso estudar Engenharia.Em minha sala há um número considerável de mulheres,e tenho o orgulho de escrever que a média de nossas notas em Cálculo estão acima da média das notas dos rapazes.Engenharia é tudo de bom!!!

Katia Engineer disse...

Olá, meu nome é Kátia e estou cursando o terceiro semestre em Engenharia Eletrônica. Sou a única mulher da turma. A princípio, fiquei com receio, medo de não ter feito a escolha certa.
Hj, amo o que faço. Foi a melhor escolha. Não me vejo em outra área.
Aconselho todas as mulheres que têm interesse pelo curso, que mergulhem de cabeça.
Mas lembrem-se: Vontade, garra e determinação!!! Se tiverem essas caracteríticas, tenham certeza de que obterão sucesso na carreira!!!
Um abraço a todos

Prii disse...

Olá tenho 18 anos, sou formada técnica em eletrônica, já trabalhei em uma grande empresa de fabricação de telefones, centrais telefonicas (INTELBRAS) e hoje trabalho em outra empresa de distribuição de energia aqui da minha cidade,(CELESC). Estou estudando muito e pretendo tentar ao final desse ano pela segunda vez vestibular para Eng. Elétrica. Amo demais o que faço e fico feliz em ver outras mulheres na área.

Lilly Dani disse...

I ae, meu nome é aline, estou no 7º semestre e engenharia elétrica, e adoro ser mulher e quebrar essas barreiras de tipo "blah, é curso de homem, mulherzinha naum entra" duh. gosto de comprovar que mulheres são tão ou mais foda q os homens haha. minha turma é 50% d emulher hehe, se for contar a turma inicial.. só sobrou 4 (2 meninas e 2 caras) uheuehue mas eu adoro o curso! mal vejo a hora de me formar logo!!

Unknown disse...

ola eu sou a rosiane, tenho 30 anos e já trabalho nesta area. confesso que os homem q me trabalhar sente inveja, e nao concorda muito pois nos mulheres estamos invadindo seu mercado de trabalho, mas com tudo devemos mostra compreensiva e jamais querer se superior a eles.

Sibele disse...

Olá, eu me chamo Sibele e estou cursando o 8° semestre de Eng. Elétrica na UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) São Leopoldo – RS.
Eu sempre me identifiquei com a área das exatas e amo o que eu faço, sei que são poucas mulheres que se interessam por Engenharia Elétrica e que sempre quando falo o que curso as pessoas me olham com cara de espanto e me perguntam porque escolhi esta área, eu não tenho uma explicação, ou pelo menos não a que as pessoas esperam ouvir, apenas gosto e ponto final.
Acho que Engenharia Elétrica não é um curso que se escolhe, e sim, somos escolhidos por ele; acredito que deva ser assim com todos, é preciso gostar de física, matemática, ser curioso, gostar de construir coisas e não desistir no primeiro obstáculo e ficar louco de faceiro quando conseguir fazer seu primeiro pisca – led, hehe; pois é, não tem uma explicação, está intrínseco na gente e ponto.

Maryhellyp disse...

AHh vou iniciar o 1° semestre em engenharia eletrica esse ano... to com medo rsrs

Unknown disse...

Olá, tbm sou mulher, vou presta vestibular final deste ano, e gostaria de fazer para engenharia,amigos dizem que para cursa essa area é necessário ser um nerd em matematica... qual a opnião de vcs sobre isso, que já cursam ou como eu pretendem cursa ?

Unknown disse...

Vou fazer Eng. Eletrica minha 1ª aula é hj estOu morrendo de medo, não sei se fiz a escolha certa...

Unknown disse...

Eu sou Priscila Leão e estou no 1° semestre e Engenharia Elétrica!Adorei o texto e é exatamente o que tenho em mente sobre as mulheres na engenharia! Criei um site sobre isso,para discutir esses assuntos, o papel da mulher e os efeitos no cotidiano!
Divulguem: https://sites.google.com/site/technologywoman/

Unknown disse...

Olá, meu nome é Brena Fernanda, estou cursando o 3º semestre de Engenharia Elétrica com enfase em Sistemas de Energia e Automação, no começo houve muitas criticas, principalmente de minha mãe que não aceitou muito bem a filha dela se interessar por um "curso masculino", mas espera, quem disse que Eng. Elétrica é um curso masculino? Ele foi sim masculinizado, e o que na minha percepção ocorre, é que muita gente ainda tem preconceito. Muitas vezes eu ouvi comentários e perguntas como: "Tá na Elétrica mas vai mudar de curso né?""Você tem certeza que é isso mesmo que você quer? Que estranho.." "Nossa, vai ser a pereirão então?" "Ah, relaxa, até o final você já foi pra outra engenharia.."
Gente, acorda, se eu entrei na Elétrica, é porque eu gosto da elétrica, caso contrário, já estava em outro curso, o Brasil é um país tão rico em diversidade, no entanto ainda sofre de preconceitos tão banais. E a vocês garotas que pretender ingressar na carreira de Engenheira Eletricista, boa sorte, é um curso muito interessante, vale a pena, conselhos de uma estudante apaixonada pelo curso :)

Rose Porto BIscuit disse...

Olá, meu nome é Priscilla e estou no 3° período de Engenharia Elétrica na UFMG.
Acredito que a Engenharia seja um curso, como em todos os outros, em que se tem que estudar muito. É verdade que existem peculiaridades da área de Exatas ,e particularmente, na Engenharia. Talvez a necessidade de maior dedicação (devido à maior carga horária do curso), mais habilidade prática e de organização do tempo. Isso torna o curso mais desafiador.
Creio também que a Engenharia seja u teste: um grande teste de resistência (e por isso um brinde a'O Resistor'!).
Cursar Engenharia (Elétrica) não depende da variável gênero.