segunda-feira, dezembro 17, 2007

Impostores por todos os lados

Richard M. Felder

Nota do Tradutor:
Originalmente este texto foi publicado em uma revista de ensino de engenharia química. Entretanto, acredito que ele seja uma leitura interessante para os alunos que estão fazendo suas primeiras matérias na engenharia. Para inseri-lo na realidade do “nosso” curso, tomei a liberdade de fazer algumas mudanças, principalmente com relação aos termos específicos da engenharia química. A versão original pode ser lida
aqui.

- Olá João, o que está pegando?
- É a prova de amanhã, professor. Um... O senhor poderia me dizer quantas questões ela terá?
- Eu não sei como isto irá te ajudar, mas serão três questões.
- Beleza. E vai ser com consulta?
- Sim, como todas as outras provas que eu apliquei nos últimos semestres.
- E por acaso vai cair aquele apêndice do livro que mostra o cálculo da corrente termiônica de uma válvula?
- Não! Isso era usado antes de você nascer. Olha João, nós podemos continuar com essa brincadeira por horas, mas o que você acha da gente sentar e você me explicar o que está acontecendo. Você me parece nervoso.
- Para dizer a verdade, professor, eu não sei o que eu arrumei desde a última prova e por isto eu estou achando que eu vou me dar mal amanhã.
- Entendo... João, qual o seu RSG?
- Aproximadamente 3,5, eu acho, mas este semestre ele vai despencar com certeza...
- E qual foi a sua média nas duas primeiras provas?
- 92.
- E você realmente acredita que irá mal na prova amanhã?
- Bem...

Infelizmente, de certa forma ele realmente acredita nisto. Obviamente ele sabe que é um dos melhores alunos do curso e que se ele acertar 60% da prova, o resto da turma acertará 30%, mas nada disso passa pela sua cabeça agora. O que ele está fazendo então?

A literatura pop da psicologia [1] chama essa atitude de síndrome do impostor. A mensagem subliminar que toca sem parar na cabeça do João é a seguinte:
Eu estou no lugar errado... Eu sou esperto e esforçado o suficiente para enganar todo mundo por todos esses anos e eles acreditam mesmo que eu sou muito bom, mas eu me conheço... Mais dia menos dia eles vão me descobrir... Eles irão fazer a pergunta certa e todo mundo vai perceber que eu não entendo nada e então... E então...
E a mensagem se reinicia neste ponto porque a conseqüência deles (professores, colegas de curso, amigos, pais) descobrirem que você é uma fraude é muito terrível de se contemplar.

Eu não tenho dados do quanto esse fenômeno é comum entre os estudantes de engenharia, mas quando eu falo sobre isto nas minhas aulas e seminários e chego na parte do “eles acreditam mesmo que eu sou muito bom, mas eu me conheço...”, o público ressoa como a corda de um violão. Estudantes riem nervosamente, concordam acenando com a cabeça, viram as cadeiras para ver a reação dos colegas. Minha suposição é que eles acreditam profundamente que aqueles ao seu redor estão no lugar certo, mas eles mesmos não.

Eles estão, em sua maioria, errados. A maior parte deles está no lugar certo – eles vão passar pelo curso e se tornarão engenheiros competentes e algumas vezes engenheiros excelentes – mas a agonia que eles experimentam antes das provas e toda vez que são questionados publicamente é o preço a ser pago. Algumas vezes esse preço é alto demais: embora tenham a capacidade e a vontade de ter sucesso na engenharia, alguns alunos acabam não agüentando a pressão. Eles então mudam de curso ou abandonam a faculdade.

Parece óbvio que alguém que tenha completado alguma coisa deva ter a habilidade de completá-la (mais concisamente, você não pode fazer o que você não pode fazer). Se os estudantes passaram nas matérias de física, matemática, computação e engenharia sem colar é porque eles tinham o talento para passar. Então de onde eles tiram essa idéia que de as suas grandes realização até o momento (e passar pelo ciclo básico de um curso de engenharia já é de fato uma grande conquista) são de alguma forma fraudulentas? Essa pergunta nos coloca em “águas da Psicologia” que eu não tenho credenciais para navegar; basta dizer então que se você é um ser humano, você está sujeito a dúvidas pessoais, e estudantes de engenharia são seres humanos.

O que podemos fazer por estes auto-intitulados impostores?
  • Mencione a síndrome do impostor nas aulas e conferências individuais e encoraje os estudantes a falar sobre isso entre eles.
Os estudantes se sentirão aliviados ao descobrir que aqueles ao seu redor – incluindo aquele CDF com RSG 5 – têm as mesmas dúvidas pessoais.
  • Lembre os estudantes que suas habilidades os têm sustentados por anos e não irão sumir misteriosamente nas próximas 24 horas.
Eles não acreditarão nisto só porque você disse. Essas dúvidas pessoais cresceram ao longo dos anos e não desaparecerão tão facilmente, mas a mensagem surtirá efeito se for repetida várias vezes. As afirmações devem ser gentis e positivas, entretanto: pode ser útil lembrá-los que eles já passaram por este mesmo ritual do medo outras vezes e provavelmente vão se dar também bem agora como se deram antes, mas sugerir que é tolice se preocupar com uma prova para um estudante com RSG muito alto provavelmente irá fazer mais mal do que bem.
  • Mostre aos estudantes que apesar das notas serem importantes, aquele resultado específico de uma prova ou mesmo de uma matéria não será crucial para a felicidade e bem estar futuro deles.
Eles estarão menos inclinados ainda a acreditar nisto, mas você pode informá-los do seguinte: uma nota ruim raramente irá mudar o conceito em uma matéria e mesmo se o pior acontecer, um shift negativo de um conceito mudará o RSG final em aproximadamente 0,02. Nenhuma porta que estava aberta para o estudante com RSG 2,86 se fechará se o RSG cair para 2,84. (Você pode até não pensar muito sobre esse argumento, mas eu tenho visto como isto pesa para certos estudantes em pânico).
  • Deixe os estudantes cientes que eles podem mudar de curso sem perder o respeito dos amigos, familiares etc.
Não é segredo para ninguém que muitos estudantes escolhem nossa área por razões duvidosas: altos salários iniciais, pressão familiar, todos os amigos estão na engenharia e assim por diante. Se eles podem ser convencidos que eles não precisam se tornar engenheiros eletricistas (mais uma vez, repetição periódica da mensagem é freqüentemente necessária), a conseqüente diminuição da pressão pode auxiliar bastante no crescimento do bem estar pessoal, independente deles se manterem no curso ou não.
Mas tenha cuidado. Estudantes que estejam extremamente preocupados com sua competência ou auto-estima devem ser dissuadidos de tomar decisões sérias – como mudar o currículo ou ação semelhante – até que eles tenha a chance de se reencontrar, com a assistência de um profissional preparado.

Uma última palavra. Quando eu comento em um seminário que eu me sinto um impostor entre os colegas, ao invés das respostas ressonantes que eu recebo dos alunos, eu percebo fortes vibrações vindo da fileira dos professores. Mas isto fica para outro coluna.

Referências
  1. Pauline R. Clance, Impostor Phenomenon: Overcoming the Fear that Haunts Your Success. Peachtree Pubs., 1985.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Faz sentido acreditar em elétrons?

Por Gregório Fonseca e Ruslan Viana

Toda a teoria de eletricidade e eletromagnetismo é, grosso modo, baseada na teoria do elétron. Ninguém nunca o viu, mas para que tudo aquilo que se estuda nas 3500 horas do nosso curso seja verdadeiro o elétron precisa existir. O Resistor consultou os engenheiros eletricistas formados na UFMG em 2006, a fim de avaliar a inserção desses profissionais no mercado de trabalho e de descobrir se valeu a pena acreditar em elétrons....

Foram enviados questionários para dezenas de ex-alunos e a primeira feliz conclusão que tivemos é que 89% dos formados estão trabalhando como engenheiros, embora apenas 44% estejam trabalhando na área de formação do seu certificado de estudos. Esses dados nos levam a crer que, independentemente da opção de estudos, somos essencialmente Engenheiros Eletricistas aptos a trabalhar em qualquer setor da Engenharia Elétrica. Outro ponto motivador é que nenhum dos entrevistados está desempregado.

Constatamos que 39% dos engenheiros continuam seus estudos na pós-graduação. Destes, 43% se dedicam exclusivamente aos estudos, e são justamente os que recebem as piores remunerações - conseqüência da ineficiente política pública de incentivo à pesquisa. Apenas 5% dos ex-alunos foram aprovados em concurso público até a data da pesquisa, embora acreditemos que esse número não tenha sido maior devido à pequena oferta de vagas nos setor público nesse curto período de tempo.

O gráfico abaixo mostra a faixa salarial dos ex-alunos entrevistados. Ganhando menos que R$1500,00 por mês estão apenas os engenheiros que continuaram os estudos – tanto para concorrência a concursos públicos quanto na pós-graduação. 44% dos entrevistados ganham mais do que R$3000,00 reais mensais.

Distribuição salarial (em reais)

Exatamente a metade dos alunos se graduaram com mais que 10 períodos, ou seja, devido à nossa extensa carga horária e às dificuldades inerentes ao curso é natural que o estudante leve 11 ou 12 semestres para a conclusão de seus estudos. Na Universidade de Buenos Aires, por exemplo, o curso de Engenharia Elétrica tem duração de 6 anos e carga horária de 240 créditos. O Resistor acredita que para termos um curso de graduação de maior qualidade o seu tempo de duração poderia ser maior. Além disso, percebemos que a faixa salarial dos profissionais é uma variável independente do tempo para concluir a graduação.

Uma boa noticia para quem está cursando Sistemas de Energia Elétrica é o "boom" da energia, ou seja, a expectativa de crescimento de um setor despreparado para a demanda nos próximos anos. A nossa pesquisa apurou que 48% dos graduados optaram pela área. Hoje, além de existir uma grande procura pela certificação por parte dos estudantes, acreditamos que os próximos egressos no curso buscarão o certificado devido à grande exposição do tema na mídia. Sabemos que em cinco anos o quadro do setor energético pode estar alterado, mas é claro que O Resistor torce para uma alteração positiva.

Agarrados na cauda do cometa estão 16% dos engenheiros, os que optaram pelo certificado de Telecomunicações. Depois da expansão desenfreada das operadoras de telefonia celular somada à privatização da telefonia fixa no Brasil a área de telecomunicações entrou praticamente em regime permanente. A procura por profissionais ainda existe embora não seja tão exagerada como há alguns anos. Notamos que os profissionais da área são os mesmos que responderam que o certificado de estudos foi um diferencial na hora de conseguir um emprego.

Em segundo lugar do ranking está o certificado de Eletrônica de Potência, com 21% dos formados. Empatados, estão os certificados de Controle de processos, Computação e Fontes Alternativas de Energia, com 5% cada um. O Resistor não conseguiu contatar engenheiros formados nos outros certificados abertos.

Aqueles que acreditaram nos elétrons durante todo o curso de Engenharia Elétrica e em suas vidas profissionais se deram bem. O mercado de trabalho é muito receptivo para o profissional formado na UFMG, e observar as trajetórias de sucesso de nossos ex-colegas aviva o nosso desejo de continuar os estudos.

Mulheres na Engenharia

Por Luisa Rotsen e Andréa Resende

A Engenharia brasileira teve origem na área militar em 1810 e foi estendida aos civis somente em 1874, com a fundação da “Escola Politécnica do Rio de Janeiro”. Hoje, quase 200 anos após seu surgimento no país – e milhares no mundo – ela continua sendo uma ciência predominantemente masculina

De acordo com os resultados do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo MEC, o número de mulheres que ingressam na profissão vem sendo incrementado lentamente: em doze anos (de 1991 a 2002) a representatividade feminina em relação ao total de matrículas subiu de 17,4% para 20,3%. Para se ter uma idéia, o curso superior com o segundo menor índice foi a Administração, com um crescimento de 41,1% para 47,5% no mesmo período. Se considerarmos o caso particular da Engenharia Elétrica, esses números são ainda mais baixos. No nosso curso a média de mulheres por período é aproximadamente 4.7, o que representa um percentual de 9% do total de alunos.

Há quem tente explicar essas estatísticas pela hipótese de que as moças têm dificuldade com as ciências exatas. Mas as conquistas femininas na profissão parecem discordar desse argumento: todas as pessoas entrevistadas pelo O RESISTOR (homens e mulheres) disseram acreditar que atualmente as engenheiras se destacam tanto quanto ou até mais que os engenheiros. Pode até ser que elas não se interessem tanto pela área quanto os homens, mas aquelas que optam pela carreira com certeza não deixam nada a desejar em termos de competência. Tanto homens quanto mulheres têm plena e igual capacidade de desenvolver as habilidades exigidas pela Engenharia.

Essa prova de competência talvez tenha sido um dos fatores que ajudaram a diminuir a discriminação entre sexos na carreira. O autor Pedro Carlos da Silva Telles menciona no livro “História da Engenharia no Brasil” que houve uma época em que as mulheres não sentavam nas salas de aula com os rapazes, mas em cadeiras especiais, colocadas à frente da primeira fila. É verdade que ainda existe certo grau de “estranhamento” em relação às mulheres engenheiras, mas felizmente as estudantes de hoje já não precisam vivenciar situações como essa. Em entrevista ao O RESISTOR a professora Maria Helena disse nunca ter se sentido vítima desse tipo de preconceito ao longo de sua trajetória profissional. E a professora Carmen Déa acrescentou: “Os machismos podem até existir, mas geralmente não aparecem. Quando eu estudei já era bem mais difícil. Eu e minhas colegas sempre tínhamos que justificar porque fazíamos Engenharia Elétrica, como se aquilo fosse uma espécie de ousadia. Hoje a opção pela carreira já é vista com muito mais naturalidade”.

Mas porque será que o balanço entre homens e mulheres na Engenharia não aumenta na mesma proporção que nas outras profissões? Não parece ser um problema de discriminação ou competência, mas sim de pouco interesse feminino pela carreira. De acordo com os dados da COPEVE, nos vestibulares de 2002 a 2006 as mulheres representaram apenas 11,8% das inscrições para o curso de graduação em Engenharia Elétrica. “Acho que é mais uma questão cultural”, afirmam os alunos Rômulo Barroso Júnior e Gabriel Pereira de Melo, do 8º período. “Talvez na Engenharia Elétrica esse fator esteja ainda mais enraizado que nas novas engenharias por causa do tempo maior de existência”. Já a colega Anna Zanandreia acha que o problema pode ser a falta de conhecimento sobre a profissão e sua associação a trabalhos braçais. “Muita gente ainda tem aquela visão errada de que o engenheiro eletricista é o profissional que sobe na escada e troca as lâmpadas. E isso não atrai a maioria das mulheres”.

São diferentes as opiniões, mas há um aspecto em que todos nós concordamos: não há nenhuma razão para que as mulheres não ingressem na profissão de engenheiro. A professora Carmen Déa refletiu sobre o assunto e frisou o mais importante: “Eu tenho certeza de que em breve as mulheres terão plena consciência do seu potencial. E se quiserem fazer Engenharia Elétrica, Controle e Automação ou o que for, vão ter certeza de que conseguem e podem. Homem ou mulher, você pode ser o que quiser desde que se esforce para isso”. Afinal, quem foi que disse que a Engenharia precisa ser feminina só no nome?

Quadrinhos

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Argumento: Jão
Roteiro: Gregs
Arte: Sávio

Rei: a lenda viva da elétrica




Por Gregório Fonseca

“Ele conhece todo mundo, está no 16º período e ainda abraça o Alessandro” – foi com essa frase que a estudante Priscila Camêlo justificou seu voto no Rei e acabou vencendo o primeiro concurso cultural d’O Resistor. Foram dezenas de votos que elegeram o Reinaldo Colares como lenda viva da elétrica, totalizando 71% dos eleitores.

“Mas então o apelido dele é Rei porque o nome dele é Reinaldo?” – é uma pergunta que foi feita por diversas pessoas. Nada mais natural para um personagem com nível épico de carisma como o Reinaldo que ganhasse o apelido de “Rei” – independentemente do seu nome.

Seu reinado vem de longe, como vocês podem perceber pelo voto do Frederico Teixeira: “Vocês não sabem, mas o Rei sempre foi uma figura de destaque. Umas das poucas lembranças que ainda guardo da longínqua primeira série é do Rei, sentado no fundo do especial do seu Jaci, dominando geral a área. Se não me engano, ele sempre estava acompanhado de duas meninas e na minha pobre mente juvenil aquela figura carismática tornou-se um padrão a ser fielmente seguido. Vocês não imaginam a minha surpresa ao reencontrá-lo passados mais de 10 anos, no mesmo curso e posteriormente até mesmo em algumas matérias! Fiquei feliz ao perceber que ali estava o mesmo Rei do passado - sem as as meninas, é claro (coisas da engenharia) - mas com o mesmo bom humor e simpatia. Nada mais justo então, para mim, do que prestar essa homenagem a ele, na forma de voto. Vida longa ao Rei.”

O reitor da UFMG, Ronaldo Pena, também participou do concurso, votando no Rei: "Trata-se de um jovem estudante que enquanto buscava o seu caminho no curso, o que demorou um pouco, relacionou-se sempre da melhor maneira com todos os colegas, funcionários e professores. Voto nele e informo que gostaria muito de participar da festa da vitória, em que a medalha de "Maior Lenda Viva da Elétrica" fosse entregue ao nosso amigo, Rei".

O Rei foi a única pessoa que se candidatou a “Lenda Viva da Elétrica” e até mesmo preparou um vídeo de campanha que teve centenas de acessos durante o período de votação. Mas não podemos deixar de citar um outro aluno que teve uma expressiva votação, mesmo sem pedir voto nenhum. Trata-se do Macalé, que foi o segundo colocado com 20% dos votos.

O engenheiro Bruno Cunha foi um dos que votou no Maca: “O Macalé é o gogó de ouro da Elétrica, sem dúvida! O cara inventa cada história que nem ele mesmo sabe o que é verdade ou o que é mentira. Estuda com a gente há quase cinco anos dizendo que fez vestibular antes de começar a jogar bola... ninguém sabe se acredita na parte de jogar bola, na parte do vestibular, ou na parte de estudar! Mas todo mundo tem ele como companheiro da Elétrica. Ele já disse que faz Matemática, Pedagogia, até Medicina (essa estória é a melhor!), mas todo mundo sabe que ele sempre foi e sempre será o Maca da Elétrica! O resto, só Deus mesmo...”

A festa de premiação aconteceu no Happy Hour Junino no PCA, em Junho de 2007, quando Priscila e Reinaldo foram presenteados com uma camiseta d’O Resistor. No mesmo dia, o Rei foi entrevistado pela equipe do jornal. O vídeo pode ser visto abaixo, dividido em 4 partes.




Parte 1


Parte 2


Parte 3
Aguarde!

Parte 4