Toda a teoria de eletricidade e eletromagnetismo é, grosso modo, baseada na teoria do elétron. Ninguém nunca o viu, mas para que tudo aquilo que se estuda nas 3500 horas do nosso curso seja verdadeiro o elétron precisa existir. O Resistor consultou os engenheiros eletricistas formados na UFMG em
Foram enviados questionários para dezenas de ex-alunos e a primeira feliz conclusão que tivemos é que 89% dos formados estão trabalhando como engenheiros, embora apenas 44% estejam trabalhando na área de formação do seu certificado de estudos. Esses dados nos levam a crer que, independentemente da opção de estudos, somos essencialmente Engenheiros Eletricistas aptos a trabalhar em qualquer setor da Engenharia Elétrica. Outro ponto motivador é que nenhum dos entrevistados está desempregado.
Constatamos que 39% dos engenheiros continuam seus estudos na pós-graduação. Destes, 43% se dedicam exclusivamente aos estudos, e são justamente os que recebem as piores remunerações - conseqüência da ineficiente política pública de incentivo à pesquisa. Apenas 5% dos ex-alunos foram aprovados em concurso público até a data da pesquisa, embora acreditemos que esse número não tenha sido maior devido à pequena oferta de vagas nos setor público nesse curto período de tempo.
O gráfico abaixo mostra a faixa salarial dos ex-alunos entrevistados. Ganhando menos que R$1500,00 por mês estão apenas os engenheiros que continuaram os estudos – tanto para concorrência a concursos públicos quanto na pós-graduação. 44% dos entrevistados ganham mais do que R$3000,00 reais mensais.
Distribuição salarial (em reais)
Exatamente a metade dos alunos se graduaram com mais que 10 períodos, ou seja, devido à nossa extensa carga horária e às dificuldades inerentes ao curso é natural que o estudante leve 11 ou 12 semestres para a conclusão de seus estudos. Na Universidade de Buenos Aires, por exemplo, o curso de Engenharia Elétrica tem duração de 6 anos e carga horária de 240 créditos. O Resistor acredita que para termos um curso de graduação de maior qualidade o seu tempo de duração poderia ser maior. Além disso, percebemos que a faixa salarial dos profissionais é uma variável independente do tempo para concluir a graduação.
Uma boa noticia para quem está cursando Sistemas de Energia Elétrica é o "boom" da energia, ou seja, a expectativa de crescimento de um setor despreparado para a demanda nos próximos anos. A nossa pesquisa apurou que 48% dos graduados optaram pela área. Hoje, além de existir uma grande procura pela certificação por parte dos estudantes, acreditamos que os próximos egressos no curso buscarão o certificado devido à grande exposição do tema na mídia. Sabemos que em cinco anos o quadro do setor energético pode estar alterado, mas é claro que O Resistor torce para uma alteração positiva.
Agarrados na cauda do cometa estão 16% dos engenheiros, os que optaram pelo certificado de Telecomunicações. Depois da expansão desenfreada das operadoras de telefonia celular somada à privatização da telefonia fixa no Brasil a área de telecomunicações entrou praticamente em regime permanente. A procura por profissionais ainda existe embora não seja tão exagerada como há alguns anos. Notamos que os profissionais da área são os mesmos que responderam que o certificado de estudos foi um diferencial na hora de conseguir um emprego.
Em segundo lugar do ranking está o certificado de Eletrônica de Potência, com 21% dos formados. Empatados, estão os certificados de Controle de processos, Computação e Fontes Alternativas de Energia, com 5% cada um. O Resistor não conseguiu contatar engenheiros formados nos outros certificados abertos.
Aqueles que acreditaram nos elétrons durante todo o curso de Engenharia Elétrica e em suas vidas profissionais se deram bem. O mercado de trabalho é muito receptivo para o profissional formado na UFMG, e observar as trajetórias de sucesso de nossos ex-colegas aviva o nosso desejo de continuar os estudos.
Um comentário:
"Acreditar em elétrons" foi uma ótima maneira de introduzir o tema da situação profissional dos engenheiros recém-formados, coisa que preocupa a maioria de nós, estudantes da elétrica. Parabéns aos autores!
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